Diante da maior crise hídrica da história da Grande SP, a Folha traçou dois possíveis cenários para os próximos meses.

Foto: Luciano Veronezi/Folhapress

Chuvas

Cenário 1 – Contrariando as atuais previsões, as chuvas de fevereiro e março ficam acima da média histórica no Cantareira, aliviando o maior reservatório da Grande SP, o mais prejudicado pela estiagem e que atende hoje 6,2 milhões de pessoas, especialmente na zona norte da capital.

Cenário 2 – As chuvas no primeiro trimestre seguem abaixo da média histórica e não são capazes de impedir o colapso completo do Cantareira nem de livrar os demais mananciais da atual situação crítica. A 2ª cota do volume morto do Cantareira se esgota completamente no início de abril.

Cantareira

Cenário 1 – Com o Cantareira em colapso, governo paulista pede autorização federal e passa a usar a última reserva técnica do manancial, conhecida como 3ª cota do volume morto. Com isso, sistema “ganha” mais de 4% de seu volume, o suficiente para atender a Grande SP por mais dois meses.

Cenário 2 – Para não sacrificar ainda mais o Cantareira, atualmente já com boa parte de suas margens secas e degradadas, o governo Alckmin resolve desta vez não recorrer de novo para mais uma cota do volume morto do principal manancial. Grande SP fica então dependente dos outros cinco sistemas.

Obras Emergenciais

Cenário 1 – Dentro de um pacote emergencial de obras preparado em cima da hora, o governo de SP consegue entregar em maio uma adutora que liga o Rio Grande, na Billings, que tem hoje a maior reserva de água de SP, até o sistema Alto Tietê, que tem maior capacidade de tratamento hídrico. Com isso, ele passa a socorrer áreas hoje atendidas pelo Cantareira;

Alto Tietê avança e passa a abastecer bairros da zona leste de SP atendidos pelo Cantareira.

Cenário 2 – Maioria das obras emergenciais fica apenas no papel bloqueadas, por exemplo, pro projetos incompletos, questões ambientais e licitações lentas. Com isso, moradores atendidos pelos sistemas Cantareira e Alto Tietê, principalmente, ficam “isolados” da água restante nos outros quatro sistemas da Grande SP;

Adutora que deve ficar pronta em maio levará 4.000 litros/segundo do Rio Grande para Alto Tietê.

Incentivos

Cenário 1 – Cresce o número de pessoas que economizam água, graças à aplicação da sobretaxa a partir deste mês para quem aumentar o consumo, e do bônus para os que reduzem o gasto.

O que acontece

– Governo ganha um fôlego momentâneo nas principais represas e consegue arrastar por mais alguns meses o início de um rodízio na Grande SP;

– Reforço de água no Guarapiranga e no Alto Tietê, por causa de novas obras, deixa a situação mais crítica restrita ao Cantareira-assim um rodízio poderia ser iniciado apenas entre os moradores desse sistema, em bairros das zonas leste e norte da capital;

– Num cenário muito otimista, a chance de rodízio chega a ser suspensa.

Cenário 2 – Adesão ao bônus não cresce, sobretaxa não tem o sucesso esperado pelo governo, e a economia provocada pela redução de pressão não dá fôlego aos reservatórios.

O que acontece

– Governo estadual anuncia o início de um rodízio drástico em toda a cidade;

– Área atendida pelo sistema Cantareira, a mais prejudicada, pode ficar com a torneira seca cinco dias por semana; em bairros mais altos e distantes, na prática, as torneiras poderiam ficar secas por seis dias na semana;

– Sabesp institui plano emergencial para garantir o abastecimento a hospitais, escolas e presídios, por exemplo.

Dicas ao consumidor

No Banheiro

– Um balde pode recolher a água do chuveiro durante o banho para ser usada na descarga;

– Não use o vaso sanitário como lixeira; será precioso mais água para dar a descarga.

Na Cozinha

– Ao lavar frutas e verduras, não use a torneira. prefira uma bacia com água;

– Ao lavar a louça, limpe bem restos de comida de pratos e panelas; será preciso menos água.

Reportagem retirada do jornal Folha de São Paulo, página C4, quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015.