A conquista proporcionará estímulo às habilidades de leitura e escrita

Por Malu Rosato

O projeto que traz o nome – “Nenhum a menos: Tecnologias da Informação e Comunicação em favor da Aprendizagem” faz parte da parceria entre o grupo de pesquisa: “A Formação do Sujeito na era Digital” da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp/SP, coordenado pela Profa. Drª. Cláudia Prioste e a Sociedade Amigos do Bairro de Santa Angelina (Sabsa).

Desde 2014 o grupo realiza pesquisas em escolas públicas da cidade de Araraquara e tem identificado problemas importantes nas séries iniciais do Ensino Fundamental, sobretudo no processo de leitura e escrita.

Com base nos resultados prévios das investigações concluiu-se que o sistema de ensino, com suas concepções pedagógicas e metodologias, são inadequadas ao público atendido, somados à descrença de professores e familiares no potencial das crianças mais pobres, ao excesso de exposição delas aos dispositivos televisuais, bem como à falta de comprometimento de muitas famílias, que têm sido fatores que dificultam cada vez mais a aquisição das habilidades de leitura e escrita, gerando uma série de consequências psicossociais, que ao longo dos anos tendem a se agravar.

Nos atendimentos realizados na Sabsa, as dificuldades na leitura e escrita também são notáveis, atingindo cerca de 26% das crianças. Há crianças com 11 ou 12 anos que não aprenderam a escrever o próprio nome inteiro e frequentam o 5º ano do ensino fundamental. A Sabsa oferece atividades culturais, esportivas, musicais e de atendimento socioeducativo, contribuindo para a melhoria no vínculo das crianças com os estudos. No entanto, identificou-se a necessidade de desenvolver atividades mais específicas, referentes aos problemas na leitura e escrita, que têm sido crescentes, visando assim, ampliar as oportunidades de inclusão social para o público atendido. Outro grande desafio da ONG são as ações de orientação familiar, que se pretende aprimorar com esse projeto.

É importante enfatizar que as atividades desenvolvidas no projeto não terão caráter de reforço escolar, e sim de estímulo à aquisição das habilidades de leitura e escrita, experimentando diferentes técnicas, com suportes orais, impressos e digitais. Em síntese, o projeto busca unir simplicidade, tradição e inovação tecnológica, visando ampliar as perspectivas de inclusão social das crianças. As atividades a serem realizadas nas oficinas de leitura e escrita, de TIC e de literatura serão baseadas principalmente em pesquisas científicas realizadas na Faculdade de Educação da USP e pelos grupos de pesquisa da UNESP de Araraquara.

O público beneficiário do projeto envolve 24 crianças, seus familiares, os professores das escolas públicas parceiras que se interessarem pelas atividades formativas do projeto e estudantes do curso de Pedagogia, que terão a oportunidade de auxiliar no desenvolvimento das atividades, acompanhando todo o processo.

A gestão do projeto ocorrerá por meio de parceria entre a coordenação do grupo de pesquisa “A formação do sujeito na era digital”, professora Cláudia Dias Prioste e a coordenação do serviço de assistência social, Roseli Aparecida Cabau Seves.

O objetivo principal é melhorar a aprendizagem de escrita e leitura e o comprometimento com os estudos, de um grupo de crianças em situação de vulnerabilidade social e fracasso escolar. Isso se dá por meio de um programa que integra tradição, inovação e o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação, desenvolvido em parceria com pesquisadores, docentes das escolas públicas e profissionais de instituição do Terceiro Setor.

Ao final do projeto espera-se que as crianças apresentem melhor capacidade de escrita e de leitura em relação ao início das atividades, sentindo-se mais autoconfiantes e comprometidas com os estudos. Espera-se, ainda, que os professores envolvidos no desenvolvimento do programa possam replicar as atividades em escolas públicas onde atuam e que o projeto possa ter condições de sustentabilidade, por meio de parcerias institucionais.

No projeto serão priorizadas as crianças da SABSA que estão em situação de fracasso escolar. Em seguida as crianças indicadas pelas escolas públicas da região. A implantação do projeto está prevista para dia 06/03/2017 e término dia 29/12/2017.

Toda a estrutura e serviços da entidade poderão ser utilizados durante o projeto. É importante destacar que algumas atividades ao longo do projeto acontecerão também nas dependências da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP – Araraquara/SP.

Para José Carlos Porsani, presidente da Sabsa esta foi mais conquista adquirida pela entidade no ano de 2016. “É muito gratificante ver a seriedade de nosso trabalho ser reconhecido através do nosso projeto. A Sabsa é uma entidade que luta diariamente por seus objetivos, mas que investe com os recursos adquiridos para melhor atender nossas crianças e adolescentes”, disse.