Filhas de “seu Brito” contam como foi sua infância

Brito Martins Caldeira, já falecido, tinha oito filhos e morava em frente ao portão do Centro Cultural que está sendo inaugurado pela SABSA.
Na época, o bairro era muito pobre, as ruas eram de terra e quando a SABSA ergueu os alicerces para construção do salão, ele tomava conta da obra, para que ninguém invadisse o local.
Suas filhas brincavam na terra vermelha e lembram-se dessa infância com carinho. Eram elas Valéria, Márcia, Guta, Silvia, Nenê e Valderez. Na foto que você vê nesta reportagem, apenas Valderez não está.

Quem conversou com a reportagem do jornal O Angelino foi Márcia e aqui você fica sabendo o que elas relembram da época. Maria Augusta Caldeira, hoje representante comercial, trabalha como representante comercial e não pôde dar entrevista, mas afirmou que, com certeza, vai participar da inauguração do Centro Cultural.

Filhas do Seu Brito

Valéria, Márcia, Guta, Silvia e Nenê

Lembranças

Márcia Cristiane Caldeira De Belli conta que a família se mudou para o bairro de Santa Angelina em 1973. “Lembro que logo depois começou a construção do barracão e n´os brincávamos nos alicerces. Gostávamos muito de jogar barro uns nos outros e praticamente só tinha a nossa casa ali perto, mas eram muitas crianças, a maioria menor de dez anos, que vinham tomar a sopa servida todo dia. Minha mãe, Maria Zelinda, levava panela, fogãozinho e muita coisa lá de casa para ajudar a “Lurdona”, a dona Maria de Lourdes, que hoje mora no Mato Grosso” conta Márcia.

Nenê e Silvia, filhas do “seu Brito”

Nenê e Silvia, filhas do “seu Brito”

“As festas eram feitas quando o chão ainda estava no contra piso, as mesas eram de madeira e as brincadeiras eram ótimas. Tinha corrida de saco, competição, esconde-esconde. Depois vieram as peças de teatro para o Natal, a Páscoa e outras datas e nós, as crianças, é que íamos atrás de arrecadar coisas para fazer os teatrinhos. Na Festa Junina teve o primeiro pau-de-sebo e eles colocaram dinheiro lá em cima – foi uma loucura para a criançada escalar e pegar o prêmio, porque vinham de toda a redondeza”.

Márcia conta que, na época, não existia assistente social e a primeira foi a Rosângela, que até hoje trabalha com o Porsani, diz que mais tarde veio a dona Aracy. “Era muito simples e muito bom conviver ali e lembro que a gente gostava de tudo. É uma infância que nunca vamos esquecer, éramos tratados como filhos, nós crescemos com a SABSA” diz Márcia.

“Nas festas, o chão era forrado com palha de arroz, pra cobrir o barro. Na festa junina tinha Kafka pequena e cachorro quente. Na Páscoa, a gente ganhava tanto chocolate que não dá para contar. Mais tarde veio o Carnaval e tinha também a manhã de recreio que aconteciam aonde hoje é a Delegacia do bairro. Depois passou para Igreja de Santa Ângela. Tinha muita brincadeira e a gente ganhava muito presente bom, mas bom mesmo!”

“Lembro que o Miro foi o segundo zelador e sei que está na SABSA até hoje, porque moro em frente a casa dele”.

A melhor festa

“Nossa melhor brincadeira, que a gente considerava como uma festa, era encerar o salão, quando puseram o piso. A gente pegava as cadeiras que estavam sem encosto, virava com os pés para cima, punha um saco de estopa em baixo e uma criança sentada. Eram muitas crianças e muitas cadeiras e então a gente empurrava essas crianças com as cadeiras e o chão ia ficando com um brilho lindo. Era tão bom que sempre íamos perguntar quando iam encerar o salão para poder brincar. Quando inaugurou o salão começaram as festas e as pessoas colocavam a gente para dentro – então comíamos à vontade. Tenho muitas lembranças boas e minhas irmãs também. Nunca vamos esquecer nossa infância na SABSA” encerra Márcia.

 

Por Rosana Santini